segunda-feira, 6 de julho de 2015

Como lidar com a perda?


Na vida a única certeza que realmente temos é a de que morreremos, mas não estamos preparados e não sabemos o que fazer quando a morte nos atinge. Não a nós propriamente ditos, mas as pessoas que amamos.

Sentimentos de culpa, fixação em memórias perdidas, vontade de voltar no tempo, não conseguir lembrar da pessoa sem sentir uma tristeza profunda, o que fazer? Não existe melhor maneira de lidar com a dor a não ser enfrentando-a. Enfrentar nesse caso quer dizer sentir. Apenas sinta! A morte é irremediável, mas o seu sentimento em relação a ela é mutável e depende da sua vontade. Perder alguém querido significa perder uma parte de você, seja alguém muito próximo ou alguém que faça parte da sua história de alguma forma. Essa parte de você que se foi pode e deve ser transformada, simbolizada de maneira diferente. Não é fácil e não é uma simples decisão, é um processo, transformar a culpa em compaixão por si mesmo, em outras palavras em um simples “eu sei que foi pouco e que eu podia fazer diferente, mas eu fiz o que pude, fiz o que sabia, fiz o que sentia que devia fazer no momento”. Transformar a tristeza que a falta da pessoa faz em alegria por ter vivido ao seu lado, se sentir honrado por ter feito parte da vida de alguém tão querido que certamente teve muito a te ensinar e a aprender com você.

Tudo o que se diz a esse respeito pode soar como um clichê ou como autoajuda barata e sempre será pouco. O caminho rumo a superação vem da pessoa que sente, do seu modo de internalizar a morte, da sua vontade de continuar com tudo o que te restou. Superar não é e nunca será esquecer, as pessoas que amamos ficam em nós e se existe algo do qual não devemos temer é o medo de esquecer as pessoas que amamos que se foram. Superar nesse caso quer dizer lembrar com sabedoria, lembrar com inteligência emocional o suficiente para saber que independente do plano que nos separa a sensação que temos ao lembrar de alguém é a forma como ela gostaria de ser sentida, e de viver através de nossas memórias. É certo que ninguém pode afirmar com certeza o que existe além de nós, além da vida, mas independente da sua crença e da sua religião o que esperamos é que haja um reencontro e que em algum momento todos estaremos juntos. Quando esse dia chegar de que forma você gostaria de revelar aos seus entes queridos a falta que eles lhe fizeram? Gostaria de falar que perdê-los fez com que você se abdicasse totalmente da sua vida ou que você os usou como exemplo e como impulso para uma vida feliz? Mesmo que seja difícil e que nossa mente nos leve por vezes a caminhos tortuosos a escolha sempre será nossa. Vai lembrar com alegria das pessoas que você ama ou vai usa-las como empecilho na sua vida?

Tudo o que vivemos está tatuado em nós, nossos medos, frustrações, desejos, saudade... e muito, muito mais. O que devemos sentir é saudade, essa saudade que rasga de dentro pra fora e que não tem meios de ser solucionada, mas que se quisermos nos impulsiona a viver momentos memoráveis com as pessoas que amamos que ainda estão perto de nós e que serve de exemplo para que não desperdicemos momentos preciosos por seja qual for o motivo. É lembrar da pessoa com carinho e com uma nostalgia terrível mas conseguir dizer para ela onde quer que ela esteja: “Um dia a gente se vê!”



Andréia Ribeiro Lemos

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