sábado, 30 de dezembro de 2017

2017/2018


Um ano de esperas...

A maior das sensações foi a de uma grande inércia, sem se estar parado. Uma preparação pra frutos que não seriam colhidos no momento, uma plantação que os olhos ainda iriam demorar pra ver ao menos o broto...
Um preparo sem garantias.
Talvez o ano não tivesse sido tão pesado, se ao longo dos outros não tivesse guardado tanta coisa. O ano acompanhou o processo evolutivo pelo qual deveríamos passar, e pode até ter sido considerado ruim, mas não conheço quem não tenha crescido com ele.
O plano pro ano que virá é o de não retroceder. Cada passo, leve, pesado, arrastado ou flutuante, deve ter sua devida importância. Cada pequena melhora, cada mínima evolução deve ser comemorada e conservada.
O plano é prosseguir... Na esperança de que o próximo seja o ano da colheita.


Andréia Ribeiro Lemos

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Carta a minha terapeuta



É bem verdade que crescemos a partir dos momentos difíceis, mas não são eles os auxiliadores da evolução. Como recém formada, sei do quanto é importante no processo de um estudante de psicologia entrar em contato com o outro lado, não sendo um profissional, mas um paciente, um ser humano em busca de desenvolvimento.

Não foi nenhuma das vezes em que me disseram pra ter pressa, foi quando você disse que se fosse preciso esperaria comigo;
Não foram todas as vezes que me disseram que eu estava errada que fez com que minha opinião mudasse, foi quando você me pediu pra explicar melhor o meu ponto de vista;
Não foram nenhuma das exigências externas, foi o acolhimento interno que me lançou a frente;
Não foram nenhuma das turbulências, foi saber que tinha de onde tirar apoio;
Não foi quando me disseram que eu precisava ser forte, foi quando através de você eu entendi o significado da minha fraqueza;
Não foi quando colocaram em dúvida o meu jeito de ser, foi quando aprendi a me aceitar exatamente como sou, que então decidi por mim mesma o que mudar;

E podem dizer que os recursos eram meus, que os talentos eram meus e que tudo já estava aqui, mas quantas são as pessoas com talentos desperdiçados? Quantas são as pessoas com infinitas possibilidades que não aprendem formas de aproveitá-las? 
É de acolhida, sensações e afetos que se faz o processo, é de seriedade e amor ao próximo que se realiza um trabalho tão bonito.
É de reflexão em reflexão, de possibilidade em possibilidade, e de desestabilidades e planos desestruturados que cada um vive o seu mundo, e como aprender a viver e se fazer inteiro num mundo que te desfaz em pedaços? 
Mas é na aceitação que se encontra a mudança, é na acolhida a tudo que você é que se instala o crescimento, porque não é preciso mudar para ser aceito, mas dá vontade de ser melhor pra provar ser merecedor de um amor, que tão puramente te aceita assim, exatamente como você é. 


Andréia Ribeiro Lemos

domingo, 3 de dezembro de 2017

O que eu sei sobre o amor?


Sei que antes de ser já é...
Porque se ama pelo o que representa, pela diferença e por tudo o que só podemos sentir. Se ama principalmente pelo o que não entende, pelo respeito as escolhas do outro e pelo ridículo que nele habita. Se ama alguém por ser quem se é, amando muito mais quando se pode ser de um tudo ao seu lado.

Não é puramente do amor romântico a que me refiro, é ao amor genuíno, aquele que pode vir de qualquer lugar. Se ama quem respeita nosso tempo, nossas fases, nossos enganos e aqueles momentos em que não possuímos nenhuma virtude. 

Ser, deixar de ser, reinventar, voltar ao início, modificar tudo o que quiser e continuar confiando que ali habita um amor. E quantas são as pessoas que amam pelo simples prazer de amar? Por ser capaz de escolher um objeto de amor e respeita-lo a cada metamorfose, acreditando que todo movimento busca a evolução? Qual é o colo que está sempre disponível, mesmo que talvez, no momento você não o mereça tanto assim?

Se ama por amor, porque o amor vive dentro de alguém sem que necessariamente precisemos ser como desejam. Porque o amor aceita, alivia, contorna, transmuta e te faz aceitar o que de pior há em você. Se ama quando nada favorece, quando as vidas estão em lados opostos e quando nada faz o menor sentido, mas aquele bom dia ta sempre lá.

Porque o amor independe do quanto você pode dar em troca, porque nem sempre teremos pra doar, o melhor que se tem de alguém vai ser sempre o que de verdade ele te passa, a transparência de viver ao lado de imperfeições.


Andréia Ribeiro Lemos