terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O que somos?


Somos tudo o que sentimos, as nossas percepções, desilusões, enganos e expectativas. Somos os nossos erros, a nossa capacidade ou não de aprender com eles, os caminhos que seguimos e os que renunciamos. Somos angústia, ansiedade, frustrações e equívocos. Somos as pessoas que amamos, as que fazemos felizes, as que magoamos e as que decepcionamos.

Somos música, poesia, lembranças e fantasias. Somos o que afirmamos, o que negamos e o que escondemos. Somos DNA, momentos e escolhas. Somos energia, atraímos e repelimos as circunstâncias. Somos seres incompletos, insatisfeitos, sempre em busca de algo. Estamos em eterna construção, vivemos e evoluímos, avançando na direção em que a nossa atenção está voltada.

Somos um emaranhado de coisas que quando conectadas começam a fazer sentido, mas, mesmo enquanto não ligamos e juntamos, nossas peças continuam nos constituindo e nos fazendo ser. Justificando e entendendo nossas falhas e acertos ou não, o que importa é que mesmo quando não entendamos algo, acreditemos que não agimos ao simples acaso, e que as pessoas entendendo ou não, o que fazemos é genuíno.



Andréia Ribeiro Lemos

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

De novo sobre o tempo



De tempos em tempos, lembro de alguma pessoa que fez com que o meu caminho ficasse mais amável, mais leve e sereno. Lembro de quem foi capaz de segurar minha mão sem ao menos me tocar, de quem não entendeu nada e não julgou, de alguém que é mais interessado em descobrir por sim mesmo do que em acreditar em qualquer coisa que tenha escutado a respeito.

De tempos em tempos, eu lembro que vale a pena arriscar, vale a pena se aproximar e que vale muito a pena ser completamente você mesmo na presença de alguém. Lembro dos meus encontros com pessoas que me fazem agradecer pelas más companhias que já tive, e pelos caminhos tortos que escolhi, porque sem os erros talvez não fosse capaz de reconhecer a sutileza e a delicadeza de uma presença amorosa.

Usei o tempo para acumular sensações... E de tempos em tempos, sinto um arrepio e um sentimento de gratidão pelas pessoas que tocaram, marcaram de forma bonita, que simbolizaram a esperança e a liberdade, e me fizeram querer continuar... Agradeço pelas pessoas que passaram por mim como flores, simplesmente para embelezar e perfumar o caminho.


Andréia Ribeiro Lemos

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A ROSA



Dona de uma sensibilidade exacerbada, nasceu parecendo captar a necessidade dos outros. Viveu sendo podada, na maioria das vezes por ela mesma. Escondeu suas pétalas mais bonitas e disfarçou seu perfume, na esperança de viver camuflada entre as outras flores e não aborrecer nenhuma delas. A cada passo que dava descobria novas habilidades e seguidamente as escondia. Viveu nivelada e cumprindo as mesmas funções que todas as rosas realizavam, mas sempre carregando certa insatisfação. Sua tendência a sair do óbvio, vez ou outra aparecia, e era consequentemente censurada.

O que podia afinal de contas uma rosa fazer de tão diferente? Nem ela tinha essa resposta. Era uma rosa, e assim como todas as outras, era a única coisa que sabia ser. Mas, mesmo assim, parecia não fazer parte do jardim e nem ser querida pelas outras flores. O que incomodava afinal? Um belo dia decidiu não mais se esconder. Mostrou as mais bonitas pétalas que possuía, mostrou as suas habilidades e libertou seu perfume. Parou e observou... Observou um pouco mais e percebeu que pouca coisa mudou. Que conclusões tirar sobre isso?

A verdade é que o incômodo muitas vezes não tem relação com as potencialidades de cada uma das flores, mas com a incapacidade das outras de sair do convencional e descobrir novas habilidades. O mundo das flores é competitivo e cheio de buquês (grupos), o que dizer da flor que nunca quis fazer parte de um ramo? O que dizer da flor que precisa ser podada três vezes mais para permanecer num mesmo jardim?

Sem que nenhuma outra flor precisasse dizer nada, ela mesma disse para si mesma que, se sabia exalar perfume sozinha, assim o faria, até que encontrasse quem por essência se parecesse com ela.



Andréia Ribeiro Lemos

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Reflexão: O silêncio / A indiferença



Me peguei avaliando as pessoas pela forma como elas deixam de fazer parte da minha vida. Não é o momento da despedida, nem a última vez em que as vejo, é o momento em que elas deixam de ser estimadas e queridas. Existem pessoas que se foram porque escolheram um caminho diferente do nosso, existem pessoas queridas que foram embora desse mundo, e nesses dois exemplos, a verdade é que essas pessoas nunca se foram. Não de dentro de nós. Mas, existem algumas pessoas que, independente de vermos várias vezes ou não, não fazem diferença, é um grande tanto faz. O que faz com que uma pessoa não gere nenhum tipo de sensação na outra? Será que também não represento nada para alguém com quem já convivi? O que é capaz de fazer uma amizade, o respeito, um amor se tornar um grande vazio? 

O silêncio é algo que aprecio, o silêncio é algo que preserva, que não permite reações precipitadas, que não age desesperadamente. O silêncio é um trunfo quando bem usado e é a pior das armas dentro de uma sociedade onde acontecem inúmeras coisas que devem ser denunciadas. O silêncio tem uma grande representatividade para mim, ele é a maior parte do que eu sou e o que não suporto dependendo da situação, é uma forma de se proteger e a forma que as pessoas usam para não se envolver e não defender alguém. É carregado de significados, pode ser cheio de sentimentos ou pode conter uma grande indiferença, como identificar?  A omissão é o que mais afasta e me faz não querer uma pessoa por perto, acaba sendo mais fácil perdoar uma pessoa que te fez mal, do que perdoar alguém que entendeu tudo o que estava acontecendo e preferiu se calar para não ter que tomar partido, ou pior, aproveitou para tirar vantagem da situação.

Normalmente carregamos muitos sentimentos em relação as pessoas, desde os mais bonitos, até os considerados impróprios. As pessoas nos geram diferentes sensações, e foi uma grande surpresa pra mim passar por pessoas que gostava de conviver e não sentir nem alegria e nem o mal-estar que vinha sentindo nos últimos dias. Não sentir alegria ao vê-las felizes e não ter compaixão nos seus momentos de tristeza, não sentir absolutamente nada. Esse sentimento, ou melhor, essa falta de sentimento em relação as pessoas, me assusta. Não sentir e não se comover são coisas pelas quais ainda não havia passado. É realmente o que dizem, nessa vida experimentamos de tudo, ninguém está isento de nenhuma emoção, ou da falta dela.



Andréia Ribeiro Lemos

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Alguém


Todo mundo deveria ter alguém...
Alguém que aceita suas escolhas sem precisar de explicações;
Alguém que não cria expectativas e nem te idealiza.

Todo mundo deveria ter alguém...
Alguém que te aceita quando você é responsável por ter salvo o mundo, ou quando é o culpado por destruir uma cidade;
Alguém que te acolhe inteiro, em partes e com remendos.

Todo mundo deveria ter alguém...
Alguém que compreende suas incoerências e te ajuda a formar um pensamento que faça sentido;
Alguém que percebe quando suas energias estão esgotadas e te oferece um pouco de sua força.

Todo mundo deveria ter alguém...
Alguém que te ama por motivos que nem sabe explicar;
Alguém que enxerga beleza em você nos momentos em que você não é capaz de faze-lo;
Alguém que ame a obra completa, as partes perfeitas, as deformadas e as que ainda estão em construção.


Andréia Ribeiro Lemos