É que depois de um tempo a
tristeza aparece diferente, mesmo que quase sempre venha acompanhada de outros
sentimentos desagradáveis, ela começa a fazer sentido. Surpreendentemente, agora
ela vem como uma companhia nostálgica, uma velha amiga que vem visitar.
Ela vem pra dizer que algo
falta, que ainda há muito o que se aprender com a vida que habita dentro de
você, e na forma como a coloca pra fora. Mansamente, a tristeza bate na porta, e
o que se pode fazer além de deixa-la entrar?
No momento em que ela entra
vai logo te envolvendo, te dá um abraço carinhoso, te coloca num aconchegante
momento letárgico e diz que sua intenção nunca foi outra que não fosse
restabelecer a paz. Diz que gostaria de um momento da sua atenção, para que sem
o véu da alegria você pudesse enxergar melhor seu caminho.
Um pouco ressentida com o
fato de estar sempre sendo evitada, vem dizer que mesmo não sendo a melhor das
companhias sua intenção é ajudar, é tirar um “bucadinho” a mais da sua ilusão,
oferecer uma pausa pra reflexão e uma forma de tentar fazer com que você
aprenda a adiar sua próxima visita.
“É pra isso que estou aqui!”
– ela diz muitas vezes sem ser ouvida – “Para dar significado e suporte para a
alegria, para que a cada dia que passe você se torne mais forte, e ela não
precise ir embora com tanta frequência.”
Mal interpretada como os
vilões, sua história não é contada, e sua função não é entendida. Mas, depois de
tudo, é a partir dela que se tem esclarecimento e que se encontra sabedoria para
lidar com a repetição de algo. As vezes é amedrontadora e te faz sentir coisas
que normalmente não sentiria, da medo de se perder na sua companhia nublada,
mas há quem tenha aprendido a percorre-la amigavelmente, depois que se entende
que através dela se pode crescer.
Andreia Ribeiro Lemos