quinta-feira, 30 de março de 2017

De onde vem o amor próprio?


De onde vem a autoestima? O que é o amor próprio? Existe sentido em procurar o respeito por si mesmo no meio externo? Na imagem que você se depara diante do espelho?

Ultimamente considero a honestidade a maior forma de se amar. Ser honesto e leal a você mesmo e aos seus princípios. É por meio da honestidade que você tem com você mesmo, que é permitido que se viva de modo íntegro, e não estou falando dos valores da sociedade estou falando da integridade que diz respeito ao que você considera viável a sua vida.

A honestidade de quem sabe dizer sim e não de acordo com as suas vontades, de quem se permite sofrer, se permite errar e não desiste dos seus ideais por mais longes de alcançar que eles possam parecer, de quem comemora suas realizações e não tem medo de reconhecer quando falhou.

E o que é a honestidade se não a plenitude? A capacidade de se aceitar e de consequentemente não aceitar menos do que merece. De se tornar uma pessoa melhor tanto para você mesmo quanto para os outros, porque quanto mais honesto se é com você mesmo, mais verdadeiro se torna na relação com o outro.

É tão bom se olhar no espelho e gostar do que vê não é? Já experimentou olhar para as suas atitudes e gostar do lugar onde elas te levaram? Reconhecer que a partir delas você foi capaz de se tornar uma pessoa bem próxima daquela que sempre desejou ser?

A maioria das pessoas não sabe o bem que faz ser leal a si mesmo e viver sabendo quais são os seus limites, saber que independente de agradar ou não você não está indo contra você mesmo, que quando algo não dá certo não foi por que você não deu o seu máximo e que quando uma relação, seja amorosa ou de amizade termina, não é você que sai arrependido dela, porque você sabe que foi tudo o que se é e podia ser.

Esse é o tipo de espelho que mostra o amor próprio. Que te diz que você não passa por cima de você mesmo para entrar no mundo de alguém e que não finge ser o que não é para poder fazer parte de algo. É estranho ter de dizer isso as pessoas, mas isso é bem melhor do que se olhar no espelho e gostar da aparência.


Andréia Ribeiro Lemos

sexta-feira, 24 de março de 2017

Idealização



Te imaginei diferente de tudo o que já tinha visto
Inventei situações
Construí diálogos
Fechei os olhos para todos os defeitos que você deixava escapar

Não foi um pedestal onde te coloquei
Foi um sonho
Um espelho
Nítida projeção
Te coloquei como um igual

Demorei, mas compreendi que as qualidades que atribuí a você eram minhas
Me vi através de você
Passei a acreditar em mim ao olhar pra você
Construí a sua imagem a partir da minha

Fiz de você o que eu era, o que acreditava
Demorei a entender que essa história imaginada tinha relação com o papel que eu precisava que alguém desempenhasse em minha vida
Não sei quem é você
Quem conhece verdadeiramente alguém afinal?

Só quero que saiba que mesmo não sendo nada do que pensei
Você tem a capacidade de fazer com que as pessoas se vejam
Que reconheçam possibilidades através de você
E que se isso é possível, você bem provável carrega todas essas qualidades no íntimo.


Andréia Ribeiro Lemos

segunda-feira, 20 de março de 2017

Único


Pensei nas pessoas ao meu redor e em suas peculiaridades. Pensei nas conquistas de cada um e em tudo que ainda os julgo capazes de fazer. Pensei em todas as vezes que me procuraram pedindo colo e no quanto todos acham que se fortaleceram com o meu amparo, enquanto na verdade quem estava crescendo com a situação era eu. Pensei nas vezes em que me procuraram para dividir suas alegrias e no quanto percebi que é possível ser feliz através das realizações do outro.

Pensei nas pessoas que me desagradam e que me incomodam de alguma forma. Reconheci, também nelas, um grande potencial. Percebi que tirando a parte que não me agrada, seus sonhos e metas se assemelham muito aos meus e que no geral a vida de cada um não é tão diferente assim da do outro. 

Pensei em mim...
Pensei que se aprendesse a reconhecer em mim o que vejo nos outros, me trataria de forma branda e empática da mesma forma que me dedico a eles. Cada ser tem seus aspectos, cultivamos semelhanças e diferenças a partir de nossas experiências, mas no geral buscamos o mesmo, andamos apostando nossas fichas onde acreditamos estar a nossa felicidade.

Cada pessoa constitui o seu caminho, planejando a sua maneira e todos nós temos motivos para ser como somos. Então, se reconheço que as pessoas são únicas e me reconhecendo também como uma pessoa, então, também sou.


Andréia Ribeiro Lemos

terça-feira, 14 de março de 2017

Encaixes



Da energia, da vibração e dos desejos dos outros que captamos e tomamos como nosso. Como diferenciar o que é meu e o que é do outro? Como seguir pelo caminho para o qual todos os seus sentidos estão voltados em meio as interferências? Sensibilidade é realmente um dom? Se é, porque as pessoas sensíveis estão sempre doentes, tristes, buscando amparo e não sabendo como seguir? Então, porque elas sempre são taxadas como pessoas confusas, indecisas, problemáticas e diagnosticadas com algum tipo de transtorno emocional?

Detectores de vibrações, energia, ou o que você preferir, essas pessoas são capazes de ao menor sinal, entender os significados e as intenções das pessoas ao redor. Acredite ou não, é um dom. E como é, quando se aprende a desvincular, quando se aprende que o outro é só o outro, e que as opiniões deles são provavelmente um fardo para eles mesmos. Um fardo DELES, não seu. Te ensinaram a ler, escrever, o que ler, como se vestir, que lugares deve frequentar e não te ensinaram a descobrir e desbravar seus próprios caminhos. Ninguém te ensinou a se desencaixar das expectativas de quem vive ao seu lado.

Dos clichês da vida: “Você é responsável por tudo o que está a sua volta.” Bobagem! Você pode aprender a controlar as suas ações, mas em meio a convivência e ao contato com o outro, não se pode controlar as situações que as pessoas ao seu redor te colocarão. Você é responsável pelas ações que toma diante das situações, mas a maioria delas, bem provável não terão sido provocadas por você. Aprender a diferenciar o que é seu e o que é do outro é passar por um processo de autoconhecimento, onde se aprende a diferenciar as suas ambições das expectativas e planos que outros fazem por você.

O que é seu você guarda, aperfeiçoa e corre atrás... O que é do outro é problema dele.



Andréia Ribeiro Lemos

terça-feira, 7 de março de 2017

O que seria de mim?



O que seria de mim se eu não tivesse entendido que a pessoa que me deve lealdade sou eu mesma e que sou a única pessoa disposta a largar tudo por mim? O que seria de mim se vivesse esperando que as pessoas reconhecessem o meu valor e esperasse encontrar nelas abrigo?

O que seria de mim se todas as vezes que tomasse alguma decisão precisasse da aprovação de alguém para mantê-la? O que seria de mim se perdesse a capacidade de aprender e de encarar a vida como ela é? O que seria de mim se só a minha consciência tranquila não me bastasse?

O que seria de mim se não tivesse aprendido a desfrutar de uma boa companhia e principalmente se não soubesse aproveitar os meus momentos de solidão? O que seria de mim se fugisse da mudança por medo do sofrimento e consequentemente me impedisse de crescer?
O que seria de mim se eu negasse tudo o que eu sou?

Certamente não seria uma pessoa que sofre profundamente, que ultrapassa, que paralisa, que vive inconstantemente e que não tem medo de abrir mão seja do que for. E, certamente, não viveria leve e não saberia o quanto é valioso viver honestamente de acordo com os próprios sentimentos.


Andréia Ribeiro Lemos

sexta-feira, 3 de março de 2017

Juntando cacos



Quantos pedaços formam algo inteiro? Quantas decepções para que tudo se converta em força? Quantas desilusões até que uma se torne esperança? De quanto em quanto tempo se conhece alguém capaz de andar a seu lado? Quanto tempo é possível prosseguir sozinho? Em quantos lugares você faz a diferença? Indispensável? Pra quem?

A dor de saber exatamente o que se quer, misturada ao amor que sempre cultivou e que vai precisar deixar para trás...
A dor de querer ir, misturada a decepção de saber que muito provável não fará falta...
A dor de saber que não se é procurado por amor, mas sim em decorrência da necessidade de outrem...
A dor de ver que jamais ocupará outro cargo que não seja o de preterido...
A dor de formular dúvidas porque as certezas machucariam demais admitir...
A dor de enfim assumir o seu papel, o que se é e apesar de todos os sacrifícios, reconhecer beleza nisso...

É bonito e é doído, feito os poemas. Porque os melhores são sempre formulados a partir da dor de alguém. Talvez a beleza carregue sempre um bocado de dor, e a realidade um tanto de afastamentos. Culpa de ninguém? De ninguém. Não é errado prosseguir e nem estacionar, só erra quem não se respeita.

Mas então... quanto tempo se leva pra que tudo deixe de ser algo que te arrasta pela vida e passa a te ajudar a voar?



Andréia Ribeiro Lemos