Quantos pedaços formam algo
inteiro? Quantas decepções para que tudo se converta em força? Quantas
desilusões até que uma se torne esperança? De quanto em quanto tempo se conhece alguém capaz de andar a seu lado? Quanto tempo é possível prosseguir sozinho?
Em quantos lugares você faz a diferença? Indispensável? Pra quem?
A dor de saber exatamente o
que se quer, misturada ao amor que sempre cultivou e que vai precisar deixar
para trás...
A dor de querer ir,
misturada a decepção de saber que muito provável não fará falta...
A dor de saber que não se é
procurado por amor, mas sim em decorrência da necessidade de outrem...
A dor de ver que jamais
ocupará outro cargo que não seja o de preterido...
A dor de formular dúvidas
porque as certezas machucariam demais admitir...
A dor de enfim assumir o seu
papel, o que se é e apesar de todos os sacrifícios, reconhecer beleza nisso...
É bonito e é doído, feito os
poemas. Porque os melhores são sempre formulados a partir da dor de alguém.
Talvez a beleza carregue sempre um bocado de dor, e a realidade um tanto de
afastamentos. Culpa de ninguém? De ninguém. Não é errado prosseguir e nem
estacionar, só erra quem não se respeita.
Mas então... quanto tempo se
leva pra que tudo deixe de ser algo que te arrasta pela vida e passa a te
ajudar a voar?
Andréia Ribeiro Lemos
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