O livro "encontro marcado com a loucura" escrito por
Tânia Cociuffo, traz a reflexão sobre como a sociedade interpreta o conceito de
loucura e de como são vistas as pessoas que são consideradas loucas. Ela volta
no tempo e nos traz a concepção de loucura desde a Grécia no tempo de Homero,
passando por todos os preceitos religiosos que classificaram a loucura como possessão de
espíritos, até os dias de hoje.
Mais do que uma teoria, ela mostra a sua experiência no campo da psicopatologia e suas observações, fala sobre a importância em inserir os alunos na prática, levando-os a hospitais psiquiátricos e a locais onde pessoas que são consideradas um perigo para a sociedade ou para elas mesmas são internadas. É ressaltada também a psicoterapia, uma vez que alunos e mesmo os profissionais precisam lidar com as suas questões e estar preparados para não projetar suas angustias, frustrações e todos seus aspectos pessoais no paciente.
Nesse contato com a
realidade da autora, realidade que nós alunos de psicologia também vivenciamos
no decorrer do curso, somos convidados a pensar sobre como tratamos as pessoas
com transtornos mentais e quais as soluções que a sociedade encontra para essas
pessoas. Não estamos mais nos tempos dos manicômios, choques e todas as
torturas que pessoas tidas como loucas passavam antigamente, porém ainda hoje
não existe um consenso quando falamos no tratamento a ser feito.
Longe de concordar com a ideia
de que esses pacientes devem ser medicados até serem dopados, ela fala da
importância dos remédios, mas ressalta que somente os remédios não serão
capazes de ajudar, a autora cita Freud e Breuer e o trabalho que ambos
realizaram sobre a histeria para introduzir o conceito da "cura pela
palavra". Essas pessoas precisam da nossa escuta, nossa atenção, de amor e
compaixão como todos os outros seres humanos. Há ainda hoje muito medo em
relação a elas, elas são consideradas agressivas, possuem comportamentos estereotipados
e são taxadas como incapazes de fazer coisas que pessoas consideradas normais
realizam no dia a dia.
A conclusão a que chego com
o livro é a de que ainda temos muito o que aprender em relação ao que chamamos
de loucura e as pessoas consideradas loucas, mesmo com todos os avanços ainda
não há um método único, um consenso nas instituições em relação ao tratamento.
As pessoas ainda estão muito mais preocupadas em se manter longe de pessoas com
transtornos do que em inseri-las na sociedade, ainda as consideram como um peso
e muito perigosas.
A psicopatologia não deve somente servir para classificar
transtornos, quando profissionais e futuros profissionais entram em contato com
indivíduos com transtornos mentais o que deve prevalecer é a humanidade, acima
de tudo a escuta e o interesse pelo indivíduo.
Andréia Ribeiro Lemos
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