sábado, 26 de setembro de 2015

Auto-imagem


As pessoas são movidas pela vontade de ser feliz. Mesmo aquelas que vêem problemas em tudo, que não sabem aproveitar a vida com o que possuem, esperam do futuro uma satisfação, uma felicidade que será alcançada a partir de algo.Tudo é baseado no que irão ser, no que irão possuir e em tudo que desejam conquistar.

Não é novidade, é inclusive o maior dos clichês, dizer que a maioria das pessoas perdem o presente pela fixação que possuem no futuro. "Eu vou fazer", "eu vou ser", "eu vou acontecer", ninguém tem interesse em descobrir o que já é. Que o futuro pode simplesmente não chegar ou pode acontecer de uma maneira completamente diferente do que foi planejado, todos sabemos. A questão é que todos sabemos de muitas coisas sobre as quais não temos o menor interesse em refletir.

Vivemos sobre o nosso ponto de vista, "se ta bom pra mim, então tá ótimo!", por vezes não levamos em consideração as pessoas ao redor, fazemos os nossos planos envolvendo outras pessoas, pessoas das quais as vezes nem perguntamos se querem participar do que estamos fazendo. Possuímos os nossos grupos, formamos os nossos laços e vamos simplesmente esperando que todas as pessoas do nosso círculo arrumem uma maneira de se encaixar em nossa vida.

Todos temos planos para o futuro, todos sonhamos em mudar algum aspecto da nossa vida, pensar em estar ao lado de certas pessoas no futuro não é necessariamente poder dizer que está vivendo ao lado delas agora. O cuidado com o outro, o interesse pelo que há além do exterior tanto dos outros quanto de si mesmo, as emoções e os sentimentos tomam o nosso tempo, um tempo precioso em que podíamos estar produzindo de inúmeras maneiras diferentes, logo, é melhor deixar isso pra depois.

Desconstruir sua auto-imagem, pensar em você como uma pessoa como qualquer outra é trabalhoso, é sofrível, muito melhor viver como dono do mundo, um mundo onde as pessoas tem que viver de acordo com o que eu propor, muito melhor não perder tempo pensando sobre quem eu sou e sobre as coisas que exijo das pessoas, muito, mas muito melhor mesmo, projetar os meus problemas nos outros.

No final das contas a escolha se torna puramente do outro. Não querer pensar sobre a pessoa que você é, não querer pensar sobre a parte que te diz respeito numa relação, seja ela qual for, faz de você uma pessoa que não tem a menor intenção de refletir sobre os seus atos e de levar em consideração os sentimentos que estes geram nas pessoas ao seu redor. Cabe então ao outro decidir se vai continuar tentando arrumar um espaço na sua vida ou não.


Andréia Ribeiro Lemos

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