domingo, 1 de abril de 2018

Poupando energia



Há de se consumir a esperança por quilometragem, gastando-a de forma discriminada. Tem semanas que a deixo conduzir meus sonhos, outras em que a economizo porque pressinto que precisarei usa-la mais tarde. Carrego esse otimismo junto ao cansaço. Combinação estranha. Por hora acredito na vida, por hora sei que nem adianta tentar. Se as oscilações são o que constituem o ser humano, ando me reconhecendo bem mais humana do que todos esses seres estáveis e equilibrados a minha volta.
É o cansaço de quem ainda não aprendeu a andar com as pernas novas, com as novas perspectivas...
Há semanas em que penso que tudo é possível, pra mim e para todos, e outras em que prefiro não encorajar ninguém a tentar o que não fui capaz de conseguir.
É uma conserva, o potinho onde guardo os resquícios de esperança, onde deposito o medo que tenho de acordar um dia e não ter mais esperança em nenhum aspecto da vida, de não saber mais olhar de forma positiva as situações... Então, mediante a todo cansaço, certifico-me de estar poupando um restinho de energia em algum lugar, mantendo sobretudo a esperança na própria esperança de que consigo mantê-la comigo durante toda a vida.


Andréia Ribeiro Lemos

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