domingo, 26 de novembro de 2017

Sobre as feridas...



É que as feridas da alma são assim...
Nem sempre dá pra ver por fora, nem sempre notamos resquícios no comportamento, mas elas estão lá.
As aparências impecáveis, talvez carreguem a missão de camuflar algo obscuro que carrega dentro de si. O desleixo pode vir como forma de fazer com que todas as atenções negativas sejam voltadas para a sua aparência.

As dores vão sendo disfarçadas, desviadas para que outra coisa seja o foco.
Vão sendo camufladas porque pedir ajuda, admitir que algo está errado, é feio demais para um adulto. Devemos sempre dar conta de tudo, fomos treinados a reconhecer falhas e deficiências no outro, para não pensarmos nas nossas.

Apontamos o desequilíbrio alheio na esperança de que o nosso não fique tão evidente, rimos do desespero do outro enquanto carregamos a desesperança passo por passo.
Não posso deixar que saibam, não é bonito sentir essa angústia. Mas eu sei que o outro também sente, falarei dele então, pro holofote não se voltar para mim.

Vamos tentando camuflar nossos defeitos, enquanto dizemos que estamos tentando resolver...
E vamos atacando um ao outro, ao mesmo tempo em que reclamamos e pedimos por mais empatia. 


Andréia Ribeiro Lemos

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