sexta-feira, 2 de junho de 2017

Um conto sobre a paixão



Ela sabia que sempre que o encontrasse a sensação seria essa, algo nele a tirava da realidade e a fazia perder dias a fio, planejando encontros e conversas que tão cedo não aconteceriam. Nas primeiras vezes em que esses remotos encontros aconteceram ela reprimiu o máximo que pôde suas fantasias, ocupando-se o mais que pudesse, mas em algum momento acabava por ficar livre novamente não tendo como fugir dos pensamentos.

Deixou-se então ser inundada por eles, quanto mais pensava e fantasiava, mais se deixava levar, na esperança de que com o tempo isso simplesmente perdesse a graça, e a sensação, o êxtase de imagina-lo ao seu lado sumisse, a ponto de poder pensar nele como pensa em qualquer outra pessoa. Percebeu que nunca se cansaria e que a admiração só se intensificava. 

Embora tentasse sublimar todos os sentimentos que vinham à tona, não conseguia atribuir significados que justificassem a ligação com alguém que não fazia parte de sua vida. Não há nenhum motivo para se manter uma conexão, engraçado, talvez seja por isso que ela exista. – Pensava. Morria de medo de todas as coisas novas que andava sentindo e ao mesmo tempo se perguntava como teria sido capaz de viver tantos anos sem sentir nada daquilo.

Se perdia de todas as formas enquanto buscava controle. Medo, inquietação, taquicardia, desconfiança e até mesmo raiva sentia, mas ahhhhh! Como isso é bom. – Pensava sem entender muito bem que sentido tinha tudo aquilo. A única conclusão que chegava era de que não era capaz de viver uma ilusão, fantasiar é uma delícia, mas a realidade a chama de volta a cada piscar de olhos. O que fazer? – pensava. De todos os encontros e desencontros nunca foi capaz de esquecer, a solução então é tentar fazer da fantasia uma realidade, a resposta talvez esteja na convivência.



Andréia Ribeiro Lemos

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